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Lesão do Ligamento Cruzado Anterior em Mulheres

A lesão do Ligamento Cruzado Anterior é a causa mais comum de cirurgias no meio esportivo. Até recentemente, elas eram muito mais frequentes entre os homens, pelo fato de eles predominarem em esportes como futebol, basquete e lutas, que envolvem contato físico e mudanças de direção frequentes.

Mais recentemente, a participação feminina crescente nesses esportes tem levado a um aumento no número de mulheres acometidas pela ruptura do Ligamento Cruzado Anterior. Mais do que isso: quando analisamos atletas da mesma modalidade e no mesmo nível de competição, observamos que o risco de lesões entre as mulheres chega a ser até oito vezes maior do que entre os homens.

 

Por que as mulheres são mais vulneráveis à ruptura do Ligamento Cruzado Anterior?

Existe uma série de fatores elencados ao maior risco de rompimento do Ligamento Cruzado Anterior entre as mulheres, alguns deles modificáveis e outros não.

Podemos dividir estes fatores em intrínsecos (relacionados ao corpo da mulher) e extrínsecos (relacionados às características de jogo e treinamento).

 

Fatores de risco intrínsecos

Características anatômicas, diferenças na mecânica dos movimentos, pior controle neuromuscular e fatores hormonais estão associados ao maior risco de lesão do Ligamento Cruzado Anterior entre as mulheres.

 

1- Fatores anatômicos

O espaço intercondilar, que é onde fica localizado o Ligamento Cruzado Anterior, é mais estreito nas mulheres do que nos homens. Essa característica limita a mobilidade do ligamento durante os movimentos de torção do joelho, favorecendo o impacto entre o ligamento e a parede óssea ao seu redor. Além disso, as mulheres apresentam a bacia mais larga, o que afeta o alinhamento dos joelhos e da musculatura ao redor do joelho e do quadril, favorecendo os movimentos torcionais.

 

2- Fatores hormonais

O ciclo menstrual é regulado por um conjunto de hormônios sexuais que atuam não apenas sobre o aparelho reprodutor, mas também sobre diversas estruturas do corpo feminino, inclusive os ligamentos. Dependendo da fase do ciclo menstrual, os ligamentos apresentam maior ou menor elasticidade.

As variações hormonais podem influenciar também no controle neuromuscular e na capacidade de concentração da atleta, o que pode deixar a mesma mais vulnerável a situações de jogo de risco. Ainda que as lesões possam ocorrer em qualquer fase do ciclo, elas são mais frequentes nos períodos pré-menstrual e menstrual.

A influência do ciclo menstrual é bastante variável de mulher para mulher bem como a resposta ao uso de pílulas anticoncepcionais, mas existem estudos que mostram menor incidência da lesão do Ligamento Cruzado Anterior em mulheres que fazem uso das pílulas. Discutimos mais sobre isso em um artigo sobre o ciclo menstrual e o uso de pílulas anticoncepcionais por atletas.

 

3- Fatores biomecânicos e neuromusculares

As mulheres tendem a apresentar fraqueza relativa da musculatura dos quadris, glúteos e coxa e têm mais dificuldade em manter um bom alinhamento da perna em movimentos como saltos ou mudanças de direção. Isso aumenta o risco para movimentos torcionais e lesão do Ligamento do joelho.

 

Fatores extrínsecos

Podemos definir como fatores extrínsecos aqueles que não estão diretamente relacionados ao corpo feminino. São aspectos bastante subjetivos e difíceis de serem mensurados, por isso mesmo pouco citados em estudos, mas que certamente impactam em uma maior incidência de lesões entre as mulheres:

  • Menos acesso à equipe médica e de fisioterapia: programas preventivos como o FIFA 11+ se mostraram eficazes em reduzir em até 50% a incidência de lesões do Ligamento Cruzado Anterior. Programas individualizados de prevenção baseados em testes específicos mostram-se ainda mais efetivos, sendo que médicos, fisioterapeutas ou mesmo preparadores físicos e fisiologistas possuem papel preponderante na implementação destes programas;
  • Campos para treino e jogos mais precários: campos duros e esburacados envolvem maior risco de torção do joelho e as consequentes lesões ligamentares;
  • Menos jogadoras nos elencos: atletas femininas são mais frequentemente colocadas para jogar “no sacrifício”, devido à menor quantidade de peças para reposição e também pela diferença no nível técnico entre as atletas;
  • Calendário menos organizado: muitas equipes não possuem atividades ao longo de um ano completo e as trocas de clubes ao longo da temporada são frequentes. Até mesmo jogadoras em nível de seleção eventualmente passam parte da temporada sem clube. Isso faz com que muitas vezes as atletas cheguem aos eventos principais em condições físicas abaixo do ideal, aumentando o risco de lesões.

 

Resultado da reconstrução do Ligamento Cruzado Anterior em mulheres

O resultado é equivalente ao observado entre os homens, tanto em relação ao risco de novas lesões quanto ao retorno à prática esportiva. Clinicamente, as mulheres tendem a ficar com uma frouxidão discretamente maior do que entre os homens. Essa diferença, que é atribuída à influência dos hormônios, não é percebida pelas pacientes. Portanto, tecnicamente, não existem diferenças entre as cirurgias feitas em homens e em mulheres.

Por outro lado, é preciso considerar que o resultado da reconstrução do Ligamento Cruzado Anterior depende muito da qualidade da reabilitação pós-operatória. Ao menos no nível competitivo e profissional, os atletas homens costumam ter centros de fisioterapia de melhor qualidade a disposição, propiciando uma recuperação mais completa.

Você teve uma lesão do Ligamento Cruzado Anterior e gostaria de fazer uma avaliação com o Dr. João Hollanda?

Existem duas formas de se fazer isso:
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