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Cuidados com a cicatriz cirúrgica

A preocupação com a cicatriz após uma cirurgia no joelho é comum principalmente nas mulheres, que não terão a ferida coberta por pelos. Infelizmente, porém, os cuidados com a ferida operatória são muitas vezes negligenciados pelas equipes médicas, que não orientam os pacientes sobre como prevenir problemas de cicatrização (queloides ou cicatrizes hipertróficas) e sobre as possibilidades de tratamento quando ocorre o problema.

Infelizmente, as cicatrizes no joelho tendem a se apresentar de forma esteticamente ruim em comparação com outras regiões do corpo. Isso porque, especialmente nas cirurgias de reconstrução do Ligamento Cruzado Anterior, é fundamental que os pacientes sejam orientados a movimentar o joelho de imediato após a cirurgia e o movimento da pele em cicatrização tende a deixá-la mais espessa.

Diversos cuidados com a cicatriz cirúrgica podem ser adotados ao longo do tratamento para a melhora na cicatrização da ferida operatória, sendo que alguns deles devem ser adotados de forma precoce. Neste artigo, o objetivo é apresentar uma visão ampla sobre os diversos cuidados com a cicatriz cirúrgica para ajudar você a minimizar eventuais problemas.

 

Fases da cicatrização

A cicatrização da ferida pode ser dividida em três fases:

  • Fase inflamatória: começa no momento da contusão e pode durar até quatro dias. Ela é caracterizada por dois processos que buscam limitar a lesão tecidual: a hemostasia e a resposta inflamatória aguda. Nesta fase, a ferida pode apresentar edema, vermelhidão e dor.
  • Fase proliferativa: inicia-se por volta do terceiro dia após a lesão e perdura por duas a três semanas. É caracterizada pela formação de rica vascularização (angiogênese) e infiltração de células especializadas na limpeza da região (macrófagos), formando o chamado tecido de granulação. Com a área limpa, as células chamadas fibroblastos começam a produção de colágeno, que atua como uma cola para ajudar no reparo da pele.
  • Fase de maturação: tem início por volta da terceira semana e tende a se estabilizar aos 12 meses. Nesta fase, a cicatriz sofre um processo de contração, ou seja, vai reduzir o tamanho e passar por um processo de remodelação do colágeno, onde ela ganhará resistência.

Durante a fase proliferativa, ou seja, nas três primeiras semanas, a pele se torna avermelhada. Isso acontece com todos os pacientes em maior ou menor grau. O aspecto da ferida só começa a melhorar a partir de quatro a seis meses. Mesmo assim, é um processo gradativo, que pode durar todo o primeiro ano pós-operatório.

 

Como evitar problemas com a cicatriz?

Para você entender melhor os cuidados com a cicatriz cirúrgica, vamos destacar procedimentos que devem ser observados, com foco na melhoria da aparência da pele.

 

Cuidados intraoperatórios:

A equipe médica deve evitar uma tensão excessiva sobre a pele. Em alguns momentos da cirurgia, são utilizados afastadores para visualizar as estruturas abaixo da pele. Quando se coloca muita tensão nos afastadores, a pele pode apresentar sofrimento após a cirurgia.

Durante o fechamento da ferida, é necessário muito cuidado para o fechamento das estruturas abaixo da pele, porque isso permitirá que ela seja fechada com um mínimo de tensão.

 

Cuidados pós-operatórios:

A ferida deve ser mantida sempre limpa e seca. Também vale mencionar que os dois fatores mais importantes para melhorar o aspecto da cicatriz são: evitar a exposição solar e o uso de gel ou fitas de silicone.

 

Exposição solar

A exposição solar deve ser minimizada até os três meses após a cirurgia. Do terceiro ao sexto mês, é recomendável usar protetores solares sobre a cicatriz sempre que se expor ao sol.

Muitas pessoas se lembram do protetor solar quando vão para a praia ou piscina. Mas, inclusive nos deslocamentos do dia a dia, é possível ter uma exposição solar excessiva. Por isso, lembrar do protetor solar nestas situações é fundamental.

 

Silicone

Silicone em gel (Kelo-cote) ou em fitas são indicadas para ajudar na remodelação da cicatriz. Os mecanismos pelos quais o silicone ajuda na melhora do aspecto da cicatriz ainda não foram completamente elucidados, mas diversas ações foram propostas para isso:

  • Hidratação da pele: O silicone auxilia na hidratação da pele; quando desidratada, os queratinócitos presentes na camada epidérmica da pele passam a produzir citocinas, que estimulam os fibroblastos a produzir quantidades excessivas de colágeno para auxiliar na retenção de água.
  • Tensão na pele: As fitas de silicone ajudam a reduzir a tensão na pele, melhorando o aspecto da ferida
  • Vascularização: O silicone leva a uma menor formação capilar ao redor da ferida operatória, o que diminui a formação de tecido cicatricial em excesso.

O gel deve ser aplicado duas vezes ao dia, enquanto as fitas são mantidas por ao menos 12 horas, geralmente à noite. O uso do silicone deve ser iniciado após a retirada dos pontos e quando a ferida já estiver limpa e seca, geralmente após aproximadamente três semanas da cirurgia.

O silicone atua inibindo a formação de cicatriz. Por isso, não deve ser usado enquanto a pele não estiver completamente fechada.

 

Queloide e cicatriz hipertrófica

Queloides são cicatrizes anômalas e exageradas que ultrapassam os limites da incisão cirúrgica. Já a cicatriz hipertrófica é uma cicatriz elevada e escura, mas que não ultrapassa os limites da incisão.

Essas diferenças são apenas técnicas, mas ambas podem ser preocupantes e exigem cuidados. As cicatrizes hipertróficas são muito mais comuns e tendem a responder melhor ao tratamento, feito geralmente por dermatologistas ou cirurgiões plásticos.

Ainda não foi descoberto exatamente o motivo que leva uma pessoa a desenvolver os queloides. Eles são mais frequentes em adolescentes, adultos jovens, mulheres afrodescendentes, asiáticos e hispânicos.

 

Tratamento não cirúrgico:

  • Laser: Remoção do tecido indesejado e da pele danificada por uma luz de alta energia.
  • Peeling de cristal: Tratamento que promove a esfoliação da cicatriz pela aplicação de microcristais de óxido de alumínio. Esse procedimento desencadeia uma inflamação aguda localizada, o que faz os fibroblastos produzirem colágeno para regenerar a pele.
  • Dermoabrasão: lixamento da pele para correção de alterações da sua superfície, como cicatrizes ou asperezas.
  • Infiltração com triancinolona: A partir de dois a três meses após a cirurgia, a injeção de triancinolona (um potente corticoide) na cicatriz pode reduzir o inchaço e inibir a hiperprodução de colágeno, fazendo com que a cicatriz fique mais plana e apresente, gradualmente, uma coloração mais similar à pele. Infelizmente, a aplicação tende a ser dolorosa e pode exigir mais de uma sessão para o resultado previsto ser atingido.

 

Tratamento cirúrgico:

Remoção cirúrgica da cicatriz indesejada, seguidos dos cuidados preventivos descritos acima para evitar a formação de uma nova cicatriz hipertrófica.

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